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Os pioneiros José Paulino Castilho de Oliveira, sua mulher, Maria Castilho de Oliveira e os filhos Oliveiro (1º), Waldemar (2º) e Noêmia (3º), em foto de 1920.


Contada por José Amêndola

As primeiras famílias radicadas em Sales, em meados de 1900 a 1914, quando ainda era sertão do território central do Estado de São Paulo, foram as de Belarmino Ribeiro de Oliveira e sua mulher, Helena Cândida da Silva, Francisco Antonio Lima e sua mulher, Anna Cândida da Silva, Sebastião Pinto, José Mendes Fernandes, Manoel Mendes, Paulino Maria, José Helena e filhos e Horácio Mira.

Em 1909, Pedro Domingues da Silva, vulgo Pedro Mulato, e sua mulher, Idalina Maria de Jesus, compraram de Francisco Antônio Lima uma gleba de terra, ainda mata virgem, de 62 alqueires.

Em 1912, trabalhavam na fazenda Barra Mansa, de propriedade de José Paulino Castilho de Oliveira, pai de Oliveiro, Waldemar e Noêmia Castilho, os senhores Joaquim Bentão, Manoel Bragança, Thiofilio Theodoro e Elizário José da Silva. No ano seguinte, chegaram Salomão Rodrigues Monteiro, Martiniano Paes de Oliveira, Ezau Ferreira Raisca e Roldão Pedro Nogueira.

Em 1917, Anna Cândida, conhecida por “Leopoldina”, mandou elaborar uma planta para a formação de um povoado, onde seria a futura cidade. O lugar recebeu o nome de Capoerinha e foi atraindo o povo que residia junto aos índios, às margens do córrego Barreiro do Meio. Este lugar recebeu o nome de Espraiada.

Vindo de uma cidade desconhecida, este povo encontrou-se com a tribo de índios e por ali ficou. Construiu casas de sapé e barrote, cobertas de folhas de coqueiro. Leopoldina foi ao encontro deste povo e o levou para Capoeirinha.

Joãoquim Bentão construiu uma casa de tijolos (tijolão feito de barro vermelho) e de madeira tirada do mato. Este homem era considerado um herói. Chegou por aqui depois de fazer picadas na densa floresta.

Havia muitas doenças na época, entre elas a “maleita”, que matava em dois dias de febre alta e intermitente.

Por volta de 1917, 1918, os guerreiros do Conde D’Eu, saídos da capital rumo ao Paraguai, passaram pela região. Fizeram picadas, conforme vestígios, atravessando rios por pinguelas, inclusive o Barra Mansa.

Derrubaram uma grande árvore que ligou as margens. Nessa passagem, ocorreu uma grande tragédia. Cinco pessoas, entre elas o padre que acompanhava a expedição, caíram no rio Barra Mansa e morreram afogadas. Foram sepultadas às margens do rio. O local recebeu o nome de “Cemitério dos Pimentas” e de “Poço do Padre”.

Tal expedição passou pelas cidades de Araraquara, Bela Vista das Pedras (hoje Itápolis), São José da Estiva, São José da Trindade (hoje Novo Horizonte).

Foram famílias desbravadoras de matas as de José Capitelli (que trabalhou de oleiro na lagoa de José Paião e João Barbosa), de João Correião, de Cezário José de Castilho, de Lázaro Tolentino de Oliveira, de Joaquim Ramalho, conhecido por “Lopinho”, de José Pracídio (ferreiro fabricante das cruzes do Cemitério dos Esquecidos. Pracídio se casou com uma filha dos chefes dos índios, batizada de Geralda no dia do casamento. O casal morou em Capoeirinha até 1936.

A tribo de índios encontrada às margens do rio Cervinho e Barreiro do Meio era da nação Guarani. Moravam em casas de sapé cobertas por folhas de bacuri. Essas famílias ali se organizaram e ali formaram Águas Espraiadas.

Dentro da mata, existe o “Cemitério dos Esquecidos”. Na sua entrada, do lado esquerdo, está sepultado um dos chefes indígenas. Além dos índios, foram enterrados moradores do lugarejo, como Belarmino Oliveira, Francisco Lima, Sebastião Pinto, José dos Santos e Joaquim Machado.

Os mortos eram transportados em carroças ou em bangüês (espécie de rede dependurada em um pedaço de madeira roliça, colocada nos ombros de duas pessoas). Os corpos eram enterrados envoltos nos próprios tecidos.


A chegada de ramillo salles

Em 1920, chegavam a Capoeirinha Ramillo Salles e seus irmãos. Compraram de Pedro Mulato uma propriedade de 62 alqueires, conforme escritura datada de 7 de julho de 1921, na fazenda Cervinho de Cima. Compraram outra propriedade, conforme escritura de 1.º de agosto de 1921. Ramillo Salles se mudou de Barretos com a família para as novas propriedades. Levou com ele a família de João Andreza, seu empregado de confiança.

Em 1921, chegavam a Capoeirinha Aquiles Fumes e sua família. Ele construiu a segunda casa de tijolos e montou sapataria. No mesmo ano, “Tio Miguel” vendia pinga e rapadura.

João José do Magalhães foi o primeiro comerciante do ramo de armazéns de secos e molhados, no mesmo ano. Vendia tecidos, bangüês.

Ainda em 1921, Paulino da Costa foi o maior criador de porcos de engorda. Os animais eram trocados em Itápolis e Araraquara por produtos que não existiam no local, como sal, querosene, farinha de trigo, açúcar. O transporte de porcos era feito com carros de bois. As viagens duravam entre 30 e 45 dias. Os porcos que não resistiam eram mortos. Suas carnes eram salgadas e colocadas em jacás, hoje conhecidos como balaios.

A fazenda Bela Vista, posteriormente conhecida por Corredeira, produzia arroz, feijão, milho e algodão. Depois, passou a produzir ramin, com máquinas para desfibrá-lo. O administrador era Joaquim Florêncio do Amaral, popularmente conhecido por “Quinzinho”.

Ainda em 1921, chegou José Alves de Lima, conhecido por “Cajuru”. Ele comprou um sítio às margens do córrego Capoeirinha, construiu um engenho que produzia rapadura e tijolo baiano. Na mesma época chegaram João Venâncio e José Carapina.


A primeira serraria

Em 1922, chegava à Capoeirinha Estácio Taboas com sua família. Ele construiu uma serraria, dando impulso na serragem de madeira das matas nativas para servir a construções de casas. As toras eram retiradas e transportadas pelo então conhecido carreiro Mário Floriano de Oliveira.

Em 1923, Miguel Tarsitano comprou uma gleba de 300 alqueires de João de Moraes. Junto chegou Paschoal Amêndola, que construiu outra serraria, uma máquina de benefício de arroz e um moinho de fubá.

Em dezembro de 1924, Paschoal Amêndola trazia toda a família, vinda de Ariranha. O fazendeiro Miguel Tarsitano continuava a prosperar. Em 1933, construiu uma usina de açúcar e passou a fabricar a famosa pinga “Santa Maria”. Seus dois filhos, Antonio Romeu Tarsitano, advogado, e Raul Tarsitano, médico, passaram a se dedicar a causas humanitárias. O médico atendia famílias carentes gratuitamente. Outro filho, Floriano Tarsitano, se elegeu prefeito anos mais tarde, em 1972.

Em 4 de abril de 1923, reuniram-se no atual largo do jardim, onde foi levantado o primeiro cruzeiro, José Paulino, José Helena, Manoel Mendes Fernandes, Miguel Tarsitano, Paschoal Amêndola, Ramillo Salles, Joaquim Ramalho, José Moreira Luiz, Joaquim Limão, Estácio Taboas (doador do cruzeiro) e Cezário de Castilho.


A primeira capela

Na mesma época, foi construída a primeira capela para o padroeiro, São Benedito. Houve uma festa idealizada por José Severino. Ele doou outra imagem de São Benedito e um motor movido a querosene que produzia energia para iluminar o local.

A primeira imagem de São Benedito foi doada por Cezário de Castilho, pai de José Cezário de Castilho, conhecido por Cita Castilho. A imagem ficou na fazenda Tabaju até meados de 1994, quando José Amêndola e o padre Osvaldo Alfredo Pinto, depois de conversarem com Cita Castilho, transladaram o santo para a Igreja Matriz de São Benedito.

Em 1924, não havia carro, mas Paschoal Amêndola comprou um caminhão Ford, de pneus de borracha maciça, rodas raiadas de madeira. O veículo era utilizado para transporte de madeiras para um depósito em Catanduva, de propriedade de Miguel Tarsitano. A viagem durava um dia. A fazenda de Tarsitano prosperava. Já plantava café, tinha uma olaria, várias casas de colonos.

Em 1925, radicou-se no vilarejo Sebastião Ferreira de Souza, casado com Francisca, conhecida por Chica Ferreira. Ele ficou conhecido na região por ser um forte sitiante criador de porcos e cabritos, às margens do córrego Bebedouro.

Em 1924, Lázaro Tolentino de Oliveira comprou de Isaque uma gleba de terra de 80 alqueires. Transformou a mata em plantio de café e doou uma porção de terra para a construção do atual cemitério municipal.

Em 1928, chegava da cidade de Japurá o senhor Nagib Karan com a família. Ele trabalhou no ramo de barbearia até 1940.


O primeiro casamento

Conforme dados obtidos junto a Armando Ferretti, cartorário em Irapuã, Sales teve seus registros anotados naquele cartório entre 1927 e 1933. O primeiro casamento de moradores de Sales, registrado em Irapuã, aconteceu em 28 de setembro de 1927. Casaram-se Júlio Perciliano do Nascimento e Maria Apparecida Amêndola.

A primeira certidão de nascimento lavrada naquele cartório, em 19 de setembro de 1927, foi de Juvenal Lopes da Silva, filho de João Lopes da Silva e Maria Amélia Arruda.

Sales ganhou seu cartório em 1933. Foram cartorários João Honório Pereira, José Camargo, Sebastião Caetano Pereira, João Gonçalves Leite, José Curalho Salgado, Antonio Cintra e Vicente Valentim Valente. Após a morte de Valente, o cartório ficou sob os cuidados de seus filhos Fernando, Mércia e Márcio.


A primeira loja

De 1928 a 1935, Vila Sales teve sua primeira loja de roupas e a primeira bomba de gasolina, de propriedade de José Jamus.

Paulo Calixto e João Amêndola dedicaram-se ao ramo de alfaiataria no período de 1930 a 1940.

Theodomiro Ferreira Costa chegou em 1931, para trabalhar na fazenda de Miguel Tarsitano. Trabalhou no engenho de açúcar, fabricando melado que era transformado em açúcar mascavo.

A primeira pensão da cidade foi de José Arruda, entre 1930 e 1940.

Entre 1930 e 1935, foi aberta a passagem de Sales para Mendonça, sobre o rio Barra Mansa, com a construção de uma grande ponte de madeira, denominada “Nego Baiano”.

Em 1933, instalava-se em Sales o primeiro aparelho telefônico, na residência de Fernando Tarsitano. Sua filha Rosa foi a primeira telefonista.

Entre 1932 e 1935, Manoel Raimundo, conhecido por Manezinho Baiano, fabricava farinha de mandioca, ao lado do atual cemitério.

Sebastião Ananias era dono de um açougue e, paralelamente, produzia e vendia sabão, entre 1935 e 1940.

Nessa época, Alfredo Cardoso, pai de Edvaldo, de Novo Horizonte, possuía um caminhão modelo 1929.

Em 1935, chegou a Vila Sales o senhor Joaquim Sampaio e comprou a serraria de Estácio Taboas. Construiu oito casas de tábuas para seus filhos. Aqui morou até 1942, quando se mudou para Dracena.

Também em 1935 chegava a família de Gabriel Assad, vinda de Taquaritinga. Instalou-se no ramo de comércio com um grande armazém de secos e molhados.

Entre 1935 e 1941, Nicolau Barleta, “o festeiro”, promovia comemorações todos os anos, no dia 13 de maio, dia de São Benedito, com uma grande fogueira ao lado da capela, com danças folclóricas. Os dados foram colhidos junto a Maria Aparecida Mateus, nascida em 1915.

Em 1934 ou 1936, Sales contou com uma grande plantação de vassoura e outra de girassol.

Em 1937, chegava Paulino Gonzaga, vindo de Pindorama. Comprou um sítio às margens do córrego Capoeirinha e ali construiu um engenho que produzia tijolo baiano e rapadura.

Em 20 de agosto de 1939, Benjamin Buratto comprou de Lázaro Tolentino de Oliveira uma área de 80 alqueires de terra, segundo Bruno Buratto. Em parte deste terreno hoje está o cemitério municipal.

Antes da criação e da instalação do município, o lugarejo contou com pessoas importantes que ajudaram no desenvolvimento. Eram considerados fiscais da cidade João Januário de Freitas, João Florêncio Pereira, Emília Tarsitano, Alcídio Sales.

Em 1949, foi nomeado subprefeito Júlio Bragato, que deixou de lembrança as árvores do jardim.

Entre 1939 e 1940, Sales tinha ligação com Novo Horizonte e Lins por meio de uma jardineira movida a gás extraído de carvão vegetal. O dono era Francisco Machado. Uma viagem de Sales a Novo Horizonte durava no mínimo três horas. Entre 9h e meio-dia.

José Iunes, vindo com sua família de Campo Belo (MG), forneceu energia, com luz a gás extraída de carvão vegetal, entre 1942 e 1951. O fornecimento da energia foi idealizado pelo seu filho Mansur Iunes.

Assim que chegou, José Iunes comprou uma padaria que tinha sorveteria e bar com mesa de snooker, um dos poucos pontos de lazer do povoado.

Em 16 de agosto de 1945, foi criado o Grupo Escolar de Sales, com duas salas de aula. Funcionavam duas classes no período da manhã e duas à tarde. A primeira diretora se chamava Isaura Bueno Gonçalves Melara. O inspetor era Gastão da Silveira.

Alice Carlos Nardachione conta que em 1946 veio trabalhar como diarista no Grupo Escolar. Segundo ela, um dos primeiros professores foi Edie José Frey.

Em 9 de agosto de 1950, chegava Paschoal Nardachione com sua família. Veio de Monte Alto. Comprou a fazenda São Sebastião. Devota, a família muito contribuiu para a construção da atual igreja.

Conforme Laerte Carlos Nardachione, entre os anos 30 e 40, Vila Sales já se destacava na região pelas corridas de cavalo. Na rua Artur Bernardes, hoje avenida Ramillo Salles, havia uma pista dupla de 600 metros. Foi um dos principais esportes do lugar durante muitos anos.


A luta pela energia elétrica

Em 1952, iniciou-se o movimento pela instalação de energia elétrica. Poucas residências tinham luz elétrica, além de duas padarias e sorveterias no centro.

Em 1955, foi instalada a energia elétrica com 6.000 volts de potência, o suficiente para iluminar todas as casas do distrito.

Participaram do evento autoridades como Euclides Cardoso, prefeito de Novo Horizonte, Salomão Eid, vereador naquela cidade, Ramillo Salles, Alcidio Sales, subprefeito de Sales, José Estéfano, candidato a deputado estadual, entre outros.

Em 18 de julho de 1961, uma grande festa marcou a iluminação da Praça da Matriz, com a presença, entre outros, de João Pagani, primeiro prefeito de Sales, Same Eid, vice-prefeito, Domingos Lott Neto, deputado estadual, e vereadores da primeira legislatura.

A solenidade foi marcada pela morte trágica de Clodovil, eletricista de Irapuã que fazia a ligação da rede.

Em 10 de março de 1962, o então governador Adhemar de Barros visitou o município.

A delegacia de polícia foi instalada em 2 de janeiro de 1962. O primeiro delegado foi Irieu Silveira Franco.

Em agosto de 1963, foi instalado o primeiro posto de puericultura. A primeira funcionária foi Olga Sales.

Também em 1963, instalava-se na cidade a Caixa Econômica Estadual, anexa a já existente Coletoria Estadual O primeiro funcionário do banco foi Armando Fonseca.

Em 1966, na gestão do prefeito José da Costa Marques, houve a retirada dos mata-burros colocados na entrada da cidade, na estrada que liga a Irapuã.

O Diário Oficial do Estado publicava em 30 de janeiro de 1969 a criação do Ginásio Estadual Ramillo Salles.

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